pro leprê
faço um poema como quem
pintasse,
a pedido do meu grande
amigo leprevost,
nele existe uma feira e
pessoas com pressa,
outras nem tanto, porque
estão desempregadas.
nove e meia da manhã e a
feira murcha,
cai o preço da uva, há mamões
maduros
que parecem crianças
doentes vendidas
para famílias que não
podem ter filhos
e compostas por casais
desempregados.
quando estão baratos,
como no fim da feira,
os morangos parecem a
primeira namorada
antes do primeiro beijo e
tudo está por um triz.
até que o fim da feira desaparece
de repente
– surge um cavalo! autorização
para o poema,
sempre os cavalos desde homero,
mais ainda,
surge um cavalo que,
diferente dos de homero,
se delicia com restos de melancia
numa caixa.
e a feira, desse ponto em
diante, não acaba
nunca mais de terminar
para sempre aqui.