tem os que digam
que sua real paixão
eram os cavalinhos.
a dentadura inglesa
santificava defeitos
para honrar sarjeta.
seu ódio ao lirismo,
suspensório arriado
nas coxias do medo.
exaurido de poesia,
largava ao coração
a labuta do pânico.
agora não encontro
uma alma sem hora,
uma rua sem medo.
levei um baita susto,
vi você sem camisa
comendo o cenário
como um canastrão.
me rogou uma praga
e previu meu futuro
com dentes de rato.
santa belinha do cru
milagre que te tenha!
agora fico nesse grilo:
não fosse a tua praga
e eu ainda teria
cabelo.
mas nunca vi alguém
dizer “que bobagem”
daquele jeito só seu,
como quem desliza
num líbano de lama.
fecho os olhos, ouço
sua voz gritar “senhor
fazei-me rapaz casto,
mas não exatamente”.
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