você é torta como eu e
quando chove em você
fica molhado toda vida.
diga quantas crianças
não choraram ao ver
as poças da tua ilusão?
minha amada diz que
sou criança no corpo
de um adulto infantil.
que por isso estranho
e quase me emociono
quando te vejo assim:
estômago de ressaca.
o que sei é que estou
há alguns anos apegado
à ideia de ser pequeno,
o mais infantil possível.
diante dos ralos bigodes
da tristeza ser eu mesmo
sem pelos nem certezas,
para voar incandescente.
então deslizar por entre
tuas poças de malária
que, apesar de serem
esperança amarelada,
vômito de querubim
que arrasta ao ponto
zero da dor, tal água
já não terão os pombos
do meu fracasso juvenil.
porque já não pode mais
afogar ou dar de beber.
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