6.8.21

"belano"

 

penso em você e, aos pouquinhos,

me aproximo bailarino do barranco.

tenho corrido, tenho comido mamão,

tratado a cabeça, meditado à tibetana,

com som artificial da chuva e passos

que vão da lama ao solo sagrado,

este mesmo que está na cabeça

de quem será por fim decapitado,

aquele que sorri e corre e sente

lesionado o músculo posterior da coxa.

masturbando-me tristemente, às vezes

com tesão por descobrir meu corpo,

já velho ter a impressão repentina

de que ficarei velhíssimo e bonito,

torço por isso, pela beleza velha,

com todas as minhas fichas aposto

no mais alto risco sobre minha cabeça.

as férias no inferno sempre acabam

quando estamos ficando animados.

tento abandonar a inteligência míope,

atraio cachorros na rua, faço catarro.

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