e pensar que estamos lado a lado
neste grande peido
galático,
que não demora muito
até que mudemos de ideia
e que o que fazemos
aqui
uns com os outros
nada mais é que a mimese
de um constante ser
pequeno
e ser imenso dentro de
um ruído.
ainda assim dizemos
os méritos e o sintoma,
arcamos com imprecisões
de afeto que nos doem,
rosnamos a imperial
necessidade de um beijo,
porque esse fluido, essa
gosma
têm de espirrar daqui até
ali,
porque permanecemos a bílis
do pâncreas solar.
não temos na tristeza
um álibi
para desespero – essa é
nossa forma
de arriscar um passo no
outro,
de rezar toda noite
por um beijo que
perdure,
de torcer um pelo outro
e pensar
que a gosma talvez faça
um caldo
aos olhos de uma boa crença.
não retroceder ou
avançar
– arruinar a marcha.
ah ser do tamanho de um
peido!
um espasmo – importante
dizer
(estar ali, ainda que
pequeno)
o que nunca houve
de tão por dentro de
tudo
que não será além de
suspeita,
roda de tédio e fúria,
refugo, fosso, pedágio,
faca.
cão fiel, a força não
escuta
os gritos do sol, pobre
coitado,
esse bicho que respinga
fogo do focinho
é doce e triste como revelação
da farsa,
a espera pelos irmãos que,
um a um, se morrem.
e galáxias giram indiferentes
sem resolver nosso
problema.
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