de uma conversa com mariano marovatto
todo mundo que eu
conheço vai a portugal
lugar que imagino como a
vagina dentada
por onde escorre a
saliva que vira mangue
córrego choroso do meu
não deslocamento.
mas os manos de verdade
não vão a portugal,
fico eu pensando
enquanto morro querendo ir
enquanto me corroo da
vontade de me lançar
no mar originário,
vagina suprema do escape.
ir seria matar em mim o
que me fez falar assim
e me faz suplicar:
levem-me também a lisboa!
o que me faz imaginar
poetas virgens e baixos
que morrem ou matam com
bigodes assassinos.
mas, no sobe-desce de
lisboa, encontram-se sob
o sol histórico da
camaradagem e da escravidão
amigos SERIE A que
partem com seus arpões
poemas que, ao serem
lidos, refletem o silêncio
porque poesia, em portugal,
é coisa muito séria.