rugas pregam peças nas
tuas vontades magnânimas,
estás sempre a caminho
de um outro acontecimento,
não paras nunca, não caminhas
a pés vistos, há lama
nas calçadas da tua
inóspita decisão de se abandonar
a uma tentativa
divergente dos hospícios e das curas,
mas és uma pedra no
vaso microscópico de um pênis,
és tuas roupas de frio
espancadas pelas engrenagens
de limpeza, que estão à
disposição das nossas usinas.
tua nova pele expele a água
cinza do primeiro rótulo,
tuas coxas sedentárias
são pilastras imorais do tempo
em que corrias contra o
vento e não pensavas ainda
nos dentes decaídos de auxílio
lacouture, pilastras
verdadeiras do que se
tomba por tamanha beleza.
agora teus heróis
juvenis estão amargos ou mortos,
andas confuso com
relação ao pedaço que deixaste
e o pedaço (assustadoramente
frio) do que és ainda.
deixaste o que só seria
possível se estivesses morto
e te inauguras aos
trancos nesta inédita dimensão,
veja bem, ainda não
sabes quase nada da primeira,
mas a vida sempre foi o
braço ríspido empurrando,
as frases possessas que
tornam os humanos frágeis,
a boca que pende diante
do que se pendura suicida.
assustado tu escreves à
máquina de óculos escuros,
esperando dissipar os
vapores da terrível maravilha.