para ismar tirelli neto
estou agora escrevendo
no computador da minha
namorada atual, quer
dizer,
não sei se seria o
melhor
termo para definir a
coisa,
mas o fato é que é
arrepiante
estar agora escrevendo
no computador da minha
namorada atual, quer
dizer,
ela prefere é claro ser
a mulher
da minha vida e morte
inclusive
fizemos um pouco esses
pactos
que lemos nos nossos
melhores
livros da infância que
ao lado
dos livros que lemos já
velhos
parecem os melhores
livros,
mas eu dizia outra
coisa,
a vida tem disso, júpiter
maçã enquanto escrevo
no computador da minha
garota, acho que ela
preferia
ser chamada “minha
garota”
apenas, a mais
improvável,
a mais difícil, a mais
louca,
aquela que, se fôssemos
loiros nascidos em marienbad
e falantes como ventríloquos,
ou se este computador
onde
agora escrevo fosse em
mil
oitocentos e pouquíssimos
seria como se eu
escrevesse
no seu diário as minhas
ideias,
mas a alguns compete
medir
a labuta por curva de
lufada,
estamos aqui, apesar do
amigo
que viaja em busca do
frio,
escute amigo, estamos
todos
de cuecas samba-canção,
com júpiter maçã,
sorrindo
pois de todo modo não
se sabe,
não se sabe muito sobre
nós,
pense bem, meu amor,
escrevo
agora para você – o que
você
sempre reclama que
nunca faço
e agora eu aqui, você
no espelho
e mais um que migra
para o frio,
enquanto você, toda
torta e súbita,
é o forno do meu queixo
trêmulo
diante do êxodo da
nossa bússola.
Um comentário:
a arte de amar um poema e, ainda assim, doer pela representação de si nele...
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