eu tenho mãos recentes,
elas tremem pela manhã
então tomo os remédios
e elas param de tremer.
reclamam da morada,
eu as mantenho juntas
sobre o peito antigo,
porque o peito é velho.
as mãos recentes se riem
dos dentes que se batem
na usina dessa orquestra.
é uma orquestra de
ossos
de uma sonata recente,
mas não existe aplauso,
as mãos recentes negam
meus apelos tão velhos,
reclamam da morada,
desprezam este velho
(sou eu o velho
recente)
como filhos que
suplicam
para que os pais deixem
seus corpos nas
esquinas
antes de chegar ao
colégio.
aqui trocamos os
tapetes,
mas a sujeira baila
livre
porque as mãos recentes,
elas preferem não fazer
o desempenho da poeira.
dizem poeira é coisa
velha,
querem rasgar as
costuras
mas digo não há
costuras,
somos nós daqui em
diante.
é bem difícil
convencê-las.
isso é tudo que elas me
dão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário