23.2.15

"na cama"


na cama, me dizes não há
coragem onde não existe
sangue, penso no que dizes
na cama, no sangue, onde,
mas não sei juntar palavras,
sinto que já não as palavras
formam meus pensamentos,
tento observar por um tempo
ao lado, no sangue, na cama,
o feixe da luz consanguínea
que justifica tua frase, mas
o sangue, talvez, menos denso,
de pressão afrouxada, na cama,
me abandonou em devaneios
curtos, sem palavras e com todo
o medo que as palavras encobrem
trazendo ao saco do corpo a dança
de acordes mudos diante dos gritos,
enquanto gargarejam as gotículas
da coragem, em pequenos arrotos
de guerra, da luta travada, do sino
no estômago do esquecimento.

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