16.2.15

"este que não"


este que não se apresenta
e move meus músculos,
revolve meus musgos
e produz falsos dramas,
está aqui mas não chamo
de nomes, sei que está aqui
porque não se apresenta,
um ditador sorridente
de econômicas palavras,
é através de sua presença
que posso ver o engano,
é através de sua presença
que é dito não estou aqui,
é através de sua presença
que os olhos não percorrem
a corrosão da presença
do que força em disfarces,
do que monta por ausência
a força de uma potência
existente no corpo aéreo,
um pai de olhos fechados
para o que se aflige
em rasa progenitura,
perfume reserva que não toca
esta pele, este que está aqui,
que se instalou aqui por falta
de criatividade, que disse
aqui parece um bom espaço
vazio e assim fundou meu
conteúdo, assim fechou
minha cela com os ritos
do que não tem nome ativo,
assim faz viver o que morre
do que não lhe diz respeito,
apesar de ser seu o que não
se apresenta em mecanismo
de mim que é doutro e que não
se apresenta, mas cujo nome
falso sobrevoa as palavras
tão acostumadas a disfarces
públicos e translitera chagas
formadoras do escorredouro
de algum acúmulo impróprio,
tão próprio ao que se espanta
e que dá corda sem saber
ao inaugural sujeito que nunca
mais descansou os olhos
e cria pequenos acenos através
do meu ventríloquo profissional.

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