13.12.13

"muitos remédios"


contra as forças que ainda me restam
arrasto as juntas de uma antiga expressão.
uma frase foi grifada sobre outra frase
no caderno dos tempos doces vândalos.

e nem com lupa se distinguem as letras,
bolor ditado em abdominais noturnos.

não se afogar sobre a poça da linguagem,
não receber no peito o bico dos pássaros,
cansar somente desse não de um outro
que comanda os dedos e desafia o verbo.

será sem rosto agora a maravilha,
haverá palavras em grave desencontro.
procuro em agendas os anos mortos
e assassino papéis com vultos notáveis
que fazem ciranda na minha garganta.

arrocham os matizes pálidos das tripas,
fogem para longe esse tão perto de ti,
essa poeira lenta das janelas fechadas.

fecharão os anjos outro acordo espacial?
suará em câncer a linguagem das camas?

a dimensão se rasga em véus extintos
e buscas ainda a franja do vulto,
abrolhos cegos de toda ruminação.

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