eu
sou um escritor, eu não sou um escritor,
sem
saber disso não posso nem começar,
mas
sabendo disso talvez uma foto
fizesse
com que eu me virasse para sempre,
e
sem saber disso precisarei cavar,
sabe-se
lá com que sangue entre as unhas,
para
realizar o fato de que não saber é ser,
no
caso de eu ser um escritor,
então
se eu realmente não for um escritor,
preciso
saber para poder me lançar aos braços de deus,
e
que ele me leve de onde me trouxe e me ensine
com
pão, pedra, água e algum cheiro bom
os
meus erros cometidos quando usei
o
focinho em vez da lógica, mas se por acaso
eu
for mesmo um escritor, então meus problemas
serão
maiores, porque movido pela estupidez
e
curiosidade comuns a todo escritor,
negar-me-ia
a me deixar abraçar totalmente,
estaria
num constante parâmetro de fresta,
fora
da consciência ao ponto da dor,
dentro
de tudo apenas no momento da surpresa,
e
o resto do tempo fora, a ponto de penetrar o indivisível
e
no entanto cego, absolutamente dependente
e
senhor da minha ruína e falta de compreensão,
porque,
doutro modo, não seria escritor, seria um santo.
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