é
chegada a frente polar enquanto jovens destemidos
aumentam
estatísticas oficiais e algo soca para a proa
o
futuro de minhas células, o frio entra pela fresta
da
janela e eu já não sei, estou desfazendo a mesa
parca
e olhando para os farelos no chão machucado,
ela
se arruma para ir embora e não me reconhece
e
me dá impressão de que logo será a Sibéria,
estamos
vivos porque ainda nos assustam
as
lágrimas que escorrem de nossos olhos
abertos
e cansados e sem saber o que mais olhar,
estão
flácidos os corpos, arrastados pelo chão
com
máscaras medievais, há risadas murchas
com
bocas para baixo no eterno sono da bondade,
espreme-se
em meu peito a violência infligida
durante
a viagem cega, nunca percebi que na força
contrária
às estatísticas estaria também o engano
da
supervalorização do que em mim seríamos nós,
metades
arrastadas pelo chão em brasa dos últimos
acontecimentos,
votos de esperança, mensagem
à
magnífica acolhida cristã, pelas ruas o sangue
dos
ungidos atua conforme mandam as escrituras
e
eles tombam valentes por uma causa cooptada,
enquanto
separo a louça e sinto um frio nas ideias,
porque
agora ela se foi e era tudo o que me faltava ir.
Um comentário:
Incrível!
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