aqui
te embalo para sempre em meus sonhos,
a
ti, o próprio, fruto de todo prazer indubitável,
a
quem ferimos com nomes e histórias de famílias,
mas
que está aqui e agora, ainda circulando em peixe
dentro
das veias e da pulsação que nos levará à morte,
e
estar diante desta inafiançável situação é também
uma
fonte de contrapor a essa pobre velha cansada,
a
morte, e que respeito tenho por ti, ó morte, agora,
quando
me faltam as veias e as batidas do coração,
como
à velha mãe faltaram na hora do enterro cego,
é
você que guia os passos que não damos, a dor
que
sentimos enquanto dizemos “sou eu que sinto”,
mas
é mais que outra coisa, é mais que tudo isso,
e
seria tão só você pudesse esta mesma coisa louca:
estar
ao menos bem vestida quando me cuspisse
seus
tenebrosos decassílabos, além do que odeio
o
cheiro do seu caviar russo, e antecipo suas cáries.
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