15.1.12

"um fim para o lirismo"

claro que, eventualmente,
chega o fim da correria
e, com suor e pedaços,
fica o estampido de gelo,
as garras de abricó podre
que flagelam o corpo fútil.

sem demovê-lo a prêmio,
sem firmar suas multas,
ajustam-se sobras rotas,
arrota-se um filho verde.

então derrama-se o mel
dos venenos ancestrais,
e percebe-se sem nobreza
o fim da tua poção mágica.

que dirás das mãos, nunca
elas se ergueram, a não ser
pela imprevista força bruta,
daquilo que em si supunha
e não havia donde esperar.

o lirismo dos sem dentes
não atravessa mais as ruas,
a forca amacia com penas
goelas de sonhos úmidos.

assim chega todo epílogo:
joelhos encontram mucosa,
e te resta sorrir satisfeito
como o mártir renegado,
pois ainda não é tua vez
de beber do ritmo plácido
dos que progridem letras.

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