24.1.11

"da amizade"

a mão do amigo, nós só nos damos conta dela
quando ela não está lá.
não contam as partidas desavisadas,
pouco importam os corações esbravejados sob efeito de aditivos,
apenas vemos a mão quando não há mão,
e pode haver mão entre a china e a patagônia,
mas às vezes não há mão no aperto entre mãos,
porque estar apertado é não estar entre: é estar dentro, estando fora.
e muitas vezes, quando não há mão, estamos apertados,
e os olhos não escondem, derramam-se junto à poeira tardia,
e do amigo não lembrarás de nada,
enquanto ele estiver, ele não está, e quando estiveres
sem os dois braços, inclinando-te com a língua entre os dejetos,
aí sim, lembrarás dele, que ali não está, mas cujos dedos
nodosos serão a primeira e odiosa lembrança
de que desaprendeste a plantar.

2 comentários:

Anônimo disse...

me faz rir,sei exatemente ao contrario disso.

Anônimo disse...

Conte comigo, amigo. Meus dedos nodosos sempre estarão estendidos para ti. Bjs.
MM