talvez quem sabe houvesse restado algo
da contínua fricção imune entre os corpos,
talvez tivesse ao menos limpado os poros,
se em vez de pouco tivéssemos dado nada,
se não tivéssemos cedido nenhum milímetro,
talvez se a dita “descoberta fatal” não fosse
aquela à qual chegamos por restos de sobra
da fricção temente à deificação do espaço,
com medo do mesmo quarto de estátuas,
da próxima página, do mau-hálito matinal
discriminado por beijos de olhos abertos,
talvez se não tivéssemos feito nada certo,
se não tivesse de fato sido a pior descoberta,
a de que sofremos de amor porque o amor
é sempre solitário no que nunca é completo,
talvez se nós tivéssemos feito tudo diferente
do critério utilizado pelo amor dos inocentes,
eu não estaria agora criando esta saudade
de mim sentindo falta do que não tivemos.
1.4.10
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4 comentários:
e você estaria fazendo um poema de outro talvez.
talvez!
Uau.. Passo um tempinho sem vir aqui quando venho fico fascinada com sua forma de visceral de conversar com a vida através das palavras como se elas fossem a sua única e própria forma de energia. Não existe talvez no seu talento... talvez eles sobrevivam na sua vida e viva a eles que se transformaram nesse "talvez" que se libertou e nos brindou as 15:54h do dia 01.04.10... Mais uma vez parabéns poeta..
Ops.. acho que ficou meio confuso.. Mas eu fiz um puta de um elogio ao seu trabalho.. falei que vc consegue impor toda a sua energia e toda sua vida em tudo que está sentindo e que se proprõe em transformar em palavras... é isso.
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