estar aqui é recolher as lágrimas
de um drama transposto em muitas cores.
passa um pouco da meia-noite
e é como se fosse a primeira vez.
sinto vontade de escrever algo bonito,
que não seja grandioso, mas faça alguém feliz,
que traga talvez algum primeiro sorriso.
um quadro de Chagall, com minha mãe no centro.
ela tinha um rosto bonito, que justificava a guerra,
um rosto contraditório, presságio de papoulas.
a sensação atual é de patinação no gelo.
penso nos meus amigos, acredito que todos,
de alguma forma, seguem bem seus caminhos
e isso, no frio atípico de uma cidade silenciosa,
me traz um conforto mágico.
onde estarão? será que ainda pensam em mim?
penso neles todos os dias, mesmo com dores no estômago,
e a eles dou de presente uma esperançosa distância.
a proximidade destrói, estou cada vez mais certo disso.
os carros passam velozes e imagino para onde
estarão levando cada tristeza.
ah, meu pai, faça um novo filho, seja feliz,
ande de bicicleta, tome seus iogurtes.
penso em ti enquanto, no cômodo contíguo,
minha mulher dorme um sono fundo, sonoro,
embalado de cansaço e luz silenciosa.
há um mistério que preciso assumir.
meu nome é um anagrama da palavra namoro,
me dei conta disso muito tarde, será tarde demais?
tenho saúde, um belo pescoço, meus olhos dizem
coisas sutis que sempre contradizem
as expectativas frágeis da noite.
queria cessar a idéia da guerra e que pudéssemos,
enfim, dar as mãos, não mais colher flores mortas.
rapidamente acumulo frases.
queria poder esvaziá-las de sentido e que apenas
trouxessem o bem, tirassem meus cotovelos da janela.
receber no corpo a concepção do amor conjunto
traz malogros, o corpo suporta melhor as cicatrizes.
fecho os olhos, o ponto da brasa anuncia a solidão,
leve solidão de um tempo em que pensar
o carinho já não significa mais cartas longas,
passagens para o Caribe, um sol azul.
ainda posso sorrir, tudo que tenho
darei a vocês, desconhecidos, a quem amo
porque sem saber me levam
com rapidez pela passagem de gelo.
de um drama transposto em muitas cores.
passa um pouco da meia-noite
e é como se fosse a primeira vez.
sinto vontade de escrever algo bonito,
que não seja grandioso, mas faça alguém feliz,
que traga talvez algum primeiro sorriso.
um quadro de Chagall, com minha mãe no centro.
ela tinha um rosto bonito, que justificava a guerra,
um rosto contraditório, presságio de papoulas.
a sensação atual é de patinação no gelo.
penso nos meus amigos, acredito que todos,
de alguma forma, seguem bem seus caminhos
e isso, no frio atípico de uma cidade silenciosa,
me traz um conforto mágico.
onde estarão? será que ainda pensam em mim?
penso neles todos os dias, mesmo com dores no estômago,
e a eles dou de presente uma esperançosa distância.
a proximidade destrói, estou cada vez mais certo disso.
os carros passam velozes e imagino para onde
estarão levando cada tristeza.
ah, meu pai, faça um novo filho, seja feliz,
ande de bicicleta, tome seus iogurtes.
penso em ti enquanto, no cômodo contíguo,
minha mulher dorme um sono fundo, sonoro,
embalado de cansaço e luz silenciosa.
há um mistério que preciso assumir.
meu nome é um anagrama da palavra namoro,
me dei conta disso muito tarde, será tarde demais?
tenho saúde, um belo pescoço, meus olhos dizem
coisas sutis que sempre contradizem
as expectativas frágeis da noite.
queria cessar a idéia da guerra e que pudéssemos,
enfim, dar as mãos, não mais colher flores mortas.
rapidamente acumulo frases.
queria poder esvaziá-las de sentido e que apenas
trouxessem o bem, tirassem meus cotovelos da janela.
receber no corpo a concepção do amor conjunto
traz malogros, o corpo suporta melhor as cicatrizes.
fecho os olhos, o ponto da brasa anuncia a solidão,
leve solidão de um tempo em que pensar
o carinho já não significa mais cartas longas,
passagens para o Caribe, um sol azul.
ainda posso sorrir, tudo que tenho
darei a vocês, desconhecidos, a quem amo
porque sem saber me levam
com rapidez pela passagem de gelo.
3 comentários:
Leo, forte abraço de um teu amigo distante.
do caralho o poema.
Álvaro Fagundes
Leo, coisa mais linda de se ler e que me fez feliz por ler.
Um abraço afetuoso de sua amiga sempre.
Marylee
Abraço de urso com tentáculos.
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