16.3.09

"camelos"

os camelos, repare, estão sempre
de olhos abertos, calmos, olhando
para a linha do horizonte, à espera
da volta do milagre, primeiro deus
que havia dado calma aos camelos,
e não são mais camelos, somos nós
que perdemos calma, deus, os olhos,
mas não há pressa ou mais horizonte,
há sim uma urgência trepidante que
cala para dentro e não temos patas
nem essa mastigação sem vontade,
esse eterno sorriso dos que sabem.
só a mesma promessa, de que algo
voltaria para nos buscar e nos tirar
uma vez desse deserto frio sem noite
nos confins da Mongólia, onde todos
sorriem, pois, como camelos, sabem
que isso tudo é nada, é resto de pele,
horizonte que é feito de toda vontade
de olhar, satisfeito, o que não se toca.

4 comentários:

Anônimo disse...

achei meio estranha a poesia. mas aposto que eu sou leiga demais para entender qualquer coisa. os camelos na verdade, sempre me pareceram meio burros. e essa coisa de ruminar e esperar parece chato. mas quem sabe é o certo. quem sabe não entendi nada, também.


beijos

Guido Cavalcante disse...

Maravilha esse poema, Leo. Lí repetidas vezes em voz alta: soa como no ritmo da cantilena de um salmo (...)e não são mais camelos, somos nós que perdemos calma, deus,(...) - Suas imagens são muito poderosas.

Anônimo disse...

... Tem um camelo fascinante na película O Tigre e a Neve, com Roberto Begnini. Na verdade são dois, um surdo e outro teimoso. Nunca havia reparado no sorriso deles. Escreva sobre pelicanos.

Guido Cavalcante disse...

Msas é claro que Leo não esta falando sobre camelos

>... não temos patas
nem essa mastigação sem vontade,
esse eterno sorriso dos que sabem.
só a mesma promessa, de que algo
voltaria para nos buscar e...<

Está falando do que nós - humanos -não temos