23.12.08

"A Leave-Taking" (A. C. Swinburne)

Let us go hence, my songs; she will not hear.
Let us go hence together without fear;
Keep silence now, for singing-time is over,
And over all old things and all things dear.
She loves not you nor me as all we love her.
Yea, though we sang as angels in her ear,
She would not hear.

Let us rise up and part; she will not know.
Let us go seaward as the great winds go,
Full of blown sand and foam; what help is here?
There is no help, for all these things are so,
And all the world is bitter as a tear.
And how these things are, though ye strove to show,
She would not know.

Let us go home and hence; she will not weep.
We gave love many dreams and days to keep,
Flowers without scent, and fruits that would not grow,
Saying 'If thou wilt, thrust in thy sickle and reap.'
All is reaped now; no grass is left to mow;
And we that sowed, though all we fell on sleep,
She would not weep.

Let us go hence and rest; she will not love.
She shall not hear us if we sing hereof,
Nor see love's ways, how sore they are and steep.
Come hence, let be, lie still; it is enough.
Love is a barren sea, bitter and deep;
And though she saw all heaven in flower above,
She would not love.

Let us give up, go down; she will not care.
Though all the stars made gold of all the air,
And the sea moving saw before it move
One moon-flower making all the foam-flowers fair;
Though all those waves went over us, and drove
Deep down the stifling lips and drowning hair,
She would not care.

Let us go hence, go hence; she will not see.
Sing all once more together; surely she,
She too, remembering days and words that were,
Will turn a little toward us, sighing; but we,
We are hence, we are gone, as though we had not been there.
Nay, and though all men seeing had pity on me,
She would not see.



***X***



"Uma Despedida" (tradução Leo Marona)

Deixe-nos então, música minha; ela não escuta.
Deixe-nos ir então, sem medo e juntos;
Faça agora silêncio, o tempo de cantar acabou,
É o fim de todas as coisas queridas e caducas.
Não te ama nem a mim e nós a amamos os dois.
Embora feito anjos cantemos a canção mais pura,
Ela já não escuta.

Deixe-nos levantar e partir; ela não sabe mais.
Deixe-nos mar adentro como o vento faz,
Cheios de areia e espuma; de que ajuda seria?
Não há ajuda, tudo é sempre dessa forma,
E o mundo todo é azedo como a lágrima.
E como tudo é, embora difícil seja demonstrar,
Ela não sabe mais.

Deixe-nos então ir para casa; ela já não chora.
Demos ao amor sonhos e dias de nossas horas,
Flores sem aroma, e frutas que não mais cresceriam,
Dizendo “Se quiseres, confia na tua foice e colhe”.
Tudo agora foi colhido; não há mais pasto virgem;
E nós que semeamos, caídos de sono muito embora,
Ela já não chora

Deixe-nos então e descanse; ela não ama nada.
Não nos ouvirá se cantarmos da sacada,
Nem as trilhas do amor, tão íngremes e doídas.
Vem então, deixa estar, deita aqui; já basta.
O amor é mar estéril, amargo e infinito;
E mesmo vendo o paraíso nas flores da mata,
Ela não ama nada.

Deixe-nos desistir, afundar; ela já não liga.
Mesmo que as estrelas façam ouro dessa brisa,
E antes de se mover o mar tenha enxergado
Uma lua em flor tornando as flores de espuma lindas;
Mesmo as ondas que nos atropelaram, e arrastaram
Pro fundo os cabelos afogados e lábios oprimidos,
Ela já não liga.

Deixe-nos então, deixe-nos; ela não enxerga.
Cantemos outra vez juntos, é certo que ela,
Ela também, lembrando dias e palavras que foram,
Chegará então até nós num suspiro, bem perto,
Mas nós vamos longe, já partimos, mesmo de onde não fomos.
E mesmo que todos os homens de mim se apiedem,
Ela não mais enxerga.

2 comentários:

Guido Cavalcante disse...

Que belo trabalho, Leo. Traduzir poesia é dificílimo, é preciso um bocado de coragem pra encarar o desafio. Cara, o trabalho está simplesmente emocionante.
Vou aproveitrar e sair em campo pra conhecer esse poeta

Anônimo disse...

Leo, realmente é de uma beleza impar essa poesia.
Parabéns, meu escritor predileto.
Bjs.
Mary