24.6.08

"Baudelaire"

após visita à China – um porto,
Baudelaire estica o corpo morto
e finalmente verifica a paz falsa

que tanto pintou em seus poemas
sobre a burguesia, que criticava,
pelas fraudes de amor e progresso.

não mas o antídoto contra a causa,
não mais o afeto pela circunstância.
seu corpo jaz e nós nem nascemos!

mas suas narinas ainda se mexem.
o gato das arábias, um dia loiro,
agora os lábios cortados, e o ópio

tomou-lhe os sonhos, o levou até lá.
ele já não volta, o poeta, a poesia,
essas coisas não existem, são fotos

desbotadas, um certo jeito de andar
nos mais afetados, os ditos sensíveis.
nos panos sujos: cheiro de almíscar.

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