23.9.07

“os anjos exterminadores – matiné”

os olhos vazios da noite violentada,
o som agudo dos erros nos tímpanos,
a calma dos que não esperam mais nada:
sem contato, saímos todos do cinema.

uma frase do filme, anoto no guardanapo:

“eu sou um berço que balança
no oco da tumba onde faleço”.

jovem francesa possuída pelo diabo,
o sol são garfos de prata nos espelhos.
entregam-me um santinho, agradeço:

“venha também ao Templo do Oriente!
não se deixe enganar por falsas promessas,
venha agora encontrar suas respostas”.

um certo engulho – me apoio num poste.

“seja qual for o seu problema,
o ajudaremos a superá-lo e
não o deixaremos abater-se”.

vejo mulher sem rosto dobrar a rua.
grito por socorro, escorro até os pés.
ela me olha de volta, filha do diabo:

“não precisa dizer nada.
com apenas uma consulta,
eu posso lhe dizer tudo
que você precisa saber”.

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