16.6.07

"yoga"

um passo
para além das tripas,
das tosses, dos vultos,
dos cactos, do escuro.

um passo
para além das viroses,
do lucro, das posses.
das águas, do muro.

um passo
para além da morte,
do furto, da cova,
de agora, de antes.

um passo
para além do Rio Ganges,
da respiração contraída
do universo.

um passo
para além do que regressa,
e nos afaga fora do corpo
com tiros de recompensa.

um passo
para além do filho morto,
além das casas de meninas
e dos horrores noturnos.

um passo
além de todos os equívocos
e todos os amores públicos
do "eu posso" e do "eu sou".

um passo
tão perto de tudo aquilo
que de tão perto vê tudo,
e nos dá trigo, cores, sons.

longe do verniz miraculoso
das promessas de algodão
e perto da celestial miragem
da gente feita de passagem
por vultos com olhos de deus.

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