Ela segue engasgada, perde o fôlego tropeça, empaca perde o colorido, embota enferruja é invariável, sempre as mesmas frases, sempre os mesmos lances de cabeça, ela é primorosa no que sabe, mas sabe muito pouco, e fala sobre tudo, Abissínia Chipre, fala até sobre as Ilhas Galápagos, e quando se cansa diz que vai morrer, empaca outra vez, eu dou a mão ela solta, aquela tinta fraca sob os olhos, aquela tinta mais fraca que o sentimento, aquela tinta sem vírgula, com letras marcadas, algumas letras apagadas, aquele falatório muitas vezes sem sentido, mas às vezes tão exato – ela diz que sente medo, que tem medo dos travessões da vida, ela diz que apesar da maquinaria antiga, quando nos olhamos assim em silêncio, é mais fácil alcançar a minha doçura, mas que a forma bruta com que eu bato nela, não condiz com a delicadeza antiga que nela dorme: e de madrugada grita.
3 comentários:
que linda! não era laranja?
um beijo, tenho algumas coisas para te falar, em off.
é laranja, babe. é saudade tb. me liga. te liguei, deixei recado.
um beijo.
essa é a sua máquina, tá feliz?
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