16.4.07

"nosso eterno deserto vermelho"


talvez os mesmos erros que repartimos
sejam uma forma totalmente instintiva
de, apesar de reconhecer o insucesso,
mantermos o corpo cansado, mas em busca
do que talvez tenha sido perdido longe,
do que raramente temos alguma garantia.

porque se deixarmos de procurar o espaço
herdado da natureza selvagem, abandonado,
cuspido no espaço oco entre seres aflitos,
se dinamitarem nosso planeta desconhecido,
terão apagado nossa estrada não percorrida
e estaremos enfim abraçados, sem esperança.

não posso te abandonar mais, eu que nem sei
o que agora nos trouxe até aqui, exaustos,
e não sei quem você é e onde está - ou se é,
e digo todo dia a mim mesmo: “hoje não achei”
para poder ainda assim mentir naturalmente
e imaginar dias serenos em que tudo estava,
por mais que não fôssemos nada para ninguém.

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