sejam frágeis ou tão firmes
parecem tanto com prédios
ou com mãos que não tocam
cada ferida que se consome
cada véu sobre cada dúvida
cada cílio sobre cada desejo
cada mão amiga esfacelada:
escuridão nos portos do além.
em cada pedaço de tentativa
em cada falácia chá-das-cinco
quando ninguém mais se entende
e as pessoas sofrem e seguem
descoloridas, mas ainda falam
com o gosto da vida embotado
e calmantes debaixo da língua.
dessas árvores do Flamengo
tão como prédios abandonados
tão comuns quanto pontas de dedo
e repentinamente paro, e penso:
o artista mais moderno é ainda
Michelangelo Antonioni,
com suas polaróides de nós.
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