25.3.07

"balé"

foi por medo, minhas flores,
aconteceu enquanto dormíamos.
não fizemos por mal, amores,
desviamos da luz e vimos
por trás dos escombros alados
o que nos era proibido ver.

foi de besta, minhas flores,
que não vi vocês chorando
enquanto a noite enlouquecia.
desabaram minhas quatro estações,
me lambuzei com a sua tinta negra,
mas era muito tarde – e tão cedo.

foi por que, minhas flores?
que um dia as trouxe da lama
e aqueci seus sonhos ainda úmidos
debaixo do braço com a derrota,
agora que a noite imensa é morta,
quando me lembro da sua dança
tão mágica! – flores sem perna.

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