existe um homem careca,
robusto e de pernas finas
que alguém classificou:
“o secretário especial”.
sua função é especial,
usa roupas e cheiros
especiais, acorda sobre
uma cama que é especial
- café da manhã especial -
e desafia o mundo sempre,
especialmente falando.
segue com polainas especiais,
passa por um chafariz especial,
apanha o jornal, joga fora, cospe:
as notícias não são tão especiais
quanto o sorriso da sua soberania.
volta arrastando-se em pantufas especiais,
dá um bom-dia aos assessores, bajuladores
e vampiros, e segue direto até o seu único
ilimitado estado de especialidade especial.
depois de dar torno à torneira do chuveiro,
“comprar outra já! não é especial o bastante!”,
abre seu armário de armações especiais e nega
todos os ternos claros esquecidos no escuro.
não conheciam os rumos da sua chegada,
as contravenções da sua liberdade cativa.
seu nome ecoava pelos salões de ametista
e todos o amavam com os dedos cruzados.
usava medidas especiais para beneficiar
outras vidas especiais, que se tornaram
ainda mais, eternizando-se em módulos
– serão seus filhos assim tão especiais? –
que beiram alcançar o teto infinito do que
de se especializar racha-se, porque gesso.
24.1.07
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