houve uma época, um garoto de cabelos loucos,
uma avenida feita com os paralelepípedos dos sonhos
– hoje feita de feridas – em que eu me embebedava à luz do dia
e meus olhos podiam perfurar os olhos cegos da azia do mundo
e eu andava nessa época, andava encurvado pelo vento eterno
com dylan thomas debaixo do braço, seus versos injetados como ácido
no sabor de minhas imagens fratricidas, de meus cigarros imaginários
– "em meu ofício ou arte taciturna", eu queria ser como aquele poema.
era uma época, eram frases de amor, casacos de veludo, cenhos etílicos,
hoje busto adormecido no silêncio da estante, apesar de ontem, nada mais
como antes, quando os rastros eram nus e eu ainda podia olhar para o céu
e ver a fumaça opiácea do cigarro de deus se transformar em promessa.
11.12.06
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