7.12.06

“camara escura”

existe um filme
que eu vejo desde criança.

olhando a linha do horizonte deprimido
espero diariamente por este filme,
respondo suas preces matinais,
suas recomendações subliminares.

é o filme da morte mas não estamos com pressa.
é o filme da esquizofrenia humana mas me dêem as pílulas.
um filme sobre granizos de moral em cascatas moribundas.
o filme das religiosidades dominicais tanto quanto cadavéricas.
o filme dos pecados e das percianas empenadas
e do jato de vidro sobre a primavera esquecida.

este é o filme da extremidade e não da conjunção.
uma folha seca ritmada pela nuvem de passagem escurecida.
o filme sobre a mão estendida que geme por trás dos escombros
– à espera de abajures e dignidades constantes –
e faz uso de ícones indeterminados de ilusão e paz
para me manter de pé diante do salto azul,
a mão distante do mapa do arco-da-velha,
mas dentro desse eterno filme de época:
“o desespero de precisar ser meu próprio parâmetro”.

Um comentário:

Garota do outro lado da rua disse...

ahhh Leo....

se as aeronaves permitirem nos vemos no carnaval do mitologico rioooooo.



beijossssss