11.10.06

“poema terminal”

são palavras diabéticas
mas não diabólicas,
apesar de sem pernas.

são folhas metabólicas
com aumento de açúcar
no sangue caduco
de quem pensou sobre
ontem amanhã será.

defeitos de secreção anunciarão
o alimento via veia com insulina
mas no fundo são apenas palavras:
minhas palavras, meus erros doces,
meus desejos carentes de glucanon.

e até que eu saiba o significado
exato da palavra patogênese,
esse rasgo na pele do pâncreas
deverá assumir que os erros doces
são responsáveis pela cegueira voluntária.

e enquanto o mijo sair cego
em pisos de azulejos alheios,
estarei mais perto, mas não junto
do acordo procurado como cura.

o fim da cicatriz, no fim
significa tão somente
a amputação do membro.

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