6.6.06

“soneto da vida infinita”

todas as vidas nos pertencem.
até mesmo – pobres – aquelas
que na gota da loucura temem
suspiros no parapeito da janela.

a morte nós somos dela todos,
não há diferença em antecipar.
o que alguns chamam de morto,
é apenas um outro dejeto lunar.

debruçado sobre a Guanabara de cinzas
me lembrei das tranças fiéis de Manola:
tempestade dourada perdida numa alcova,

efeito de quem aplica e abandona a seringa.
depois percebo que não há tranças ou Manola,
e que somos todos efeito do que não há ainda.

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