21.2.06

"Doutora Renata"

hoje não há de ser nada...
nada do que não deveria
ter acontecido aconteceu.

jamais esquecerei de hoje
porque agora hoje é ontem
e amanhã vai para sempre.

não quero amanhã se
o que foi dito hoje for
aquilo que você interdita
e finge que não acredita
naquilo que passei à noite
se tiver de fato acontecido.

não quero nunca mais dançar
mazurca e olhar nascer beijar
o céu gengiva do desconhecido ou
esquecer o passado que não é meu.

não quero o sarcasmo do futuro atrasado
nas pernas que ainda ocupam tua saia sem
depender do teu mais lindo olho enrugado
para forçar sotaques em prol de um alçapão.

mais nenhum sorriso de dente
vai me fazer esquecer do fato
de que um dia esquecerei de tudo
que uma noite eu li nos teus cílios.

Um comentário:

Anônimo disse...

Não sou cronista ou poeta mas
Gosto de escrever
A escrita, para mim, não esvazia o pote
Mas também gera espaço
Terapêutica da organização através da compartimentalização
Tentativa de racionalizar a emoção


Aí vai...
“Cronista Leo Marona”

Encontro
de um olhar sustentado que
não permite minha interdição
Acredito quando se credita,
Creio no cru,
na cria.

Você
Combinação exótica de
produtos imiscíveis que encontram interseção
In natura com sofisticação
Fortaleza de fragilidade
Contenção inundada

Água
Atravessa entre as frestas das pedras que
tentam acomodar-se na
intenção de vedar
Extravasa para impulsionar
Mobilizar e re-direcionar

Evapora
ao "céu gengiva" que
Flutua ao contato
Língua, lambe, áspera, roda
na deliciosa sensação, momentânea, de misturar-se.