3.9.05
“Moonligh Serenade”
onde estava você, Ludwig Van?
quando a lua chorou de dor e dali, disseram, se fez o amor e
a espingarda da Terra atirou salmos de prata na sua carne e
o Danúbio se espreguiçou numa colcha d’água suave e
era o espelho do mundo ali, enquanto você derretia e
todas as suas tentativas desaguavam em nada...
as folhas do outono cobriram seus sonhos de primavera.
você estava amando quando o tiro sangrou a lua e o mundo escorreu prata?
você achou o sonho da noite passada em alguma casa de chá?
se você sempre soube quem e quando, então onde, me fala!
existe serenata sem sacada?
o que estava fazendo ali, Ludwig Van?
alta madrugada fechada e
você de cabeça encharcada.
por que dói tanto, meu camarada,
e como você faz para dizer na risca
o quanto dói sem dizer palavra?
aceita um gole de vinho, Ludwig Van?
pois quero dele a cor emprestada,
para agarrar quando fugir o instante,
já que daquele primeiro salmo de prata,
quando olhei minhas mãos vi: era sangue –
ou vinho?
quando olhei o céu escuro vi: era antes –
ou era o fim?
como se ama, Ludwig Van?
já que você, com sua serenata,
deve saber me explicar melhor
do que eu com minhas palavras.
vamos voar, Ludwig Van?
e não me tome por louco agora –
ou melhor, tome e tomemos juntos!
– nem faça de mim pobre chacota.
aceita meu copo, meus olhos, minhas mãos ensangüentadas...
é a vida que se escorre agora
e não posso mais sentir nada,
nem a maravilha dos teus acordes.
minha noite tem lua mas não tem poesia.
tua música é poesia e lua e não tem fim.
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2 comentários:
Sensível ontém, heim ... como se ama, Ludwig Van? já que você, com sua serenata, deve saber me explicar melhor do que eu com minhas palavras.
O que vale o homem SEM os seus sentimentos, sensibilidade e emoções expressadas em gestos, poemas, poesias, frases, palavras, pensamentos e ideias. São formas que revelam o seu conhecimento!
Adoro o que escreve, bjos!
Ótima pergunta: como se ama Ludwig Van? Tem resposta?
Tá lindo Leo. Um cheiro.
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