do meu canto fechado, ouvido morto,
tento ouvir o sopro, um vulto ereto,
de um joão-de-barro no forro do teto.
mas meu joão-de-barro bate as asas,
só um pio, então sinto a foice
e depois não ouço mais nada.
debandada. foi-se.
de trás do poço onde perdi meu tempo
sinto um murro no estômago violento
que não me deixa parar de chorar quando ouço
o velho poeta, isolado às margens de um rio,
capim na mão, boina de veludo, na outra o resto do mundo,
dizer que só nos resta um sentimento longínquo e profundo
(uma página que se abre à lágrima minúscula)
de coisa esquecida na terra
(é quando meu joão-de-barro regressa)
como um lápis numa península
(ou eu quando ainda era, alisando a pele matutina
do teu rosto materno antes de fugir para o sonho,
acreditando cegamente que seria para sempre bom).
Um comentário:
porra, maneiro o blog. já tem texto pra caralho. acho que vai ser um bom exercício de escrita e de busca de imagens. a foto do li po ficou do caralho. vou botar o link no nosso blog. abs. nos vemos na sexta.
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