não morreremos subitamente
(ou quem vai mesmo saber)
de embolia pulmonar aos
trinta e um anos de poesia
póstuma e, melhor ainda,
uma poesia não publicada,
e no momento em que falas
ficam para trás negras nuvens
em palavras que escorregam
enquanto alcançamos altura,
sobrevoamos o sutil pecado
de não seguir, seguir adiante,
olhar com muito medo, mas
não morreremos subitamente
(é totalmente improvável)
de embolia pulmonar aos
trinta e um anos de chumbo
morto que se espraia no colo
das altas marés do oblívio.
comemos as mesmas pedras,
frequentamos as pequenas
criaturas das esquinas sujas
e para a lágrima só é preciso
ter fulgores espasmódicos;
desesperada benevolência
de um fogo queimando ao sol.