só o que eu espero é que você me
cale,
que me sufoque de amor e me
roube
palavras com seus símbolos
antigos,
acenda seus olhos imensos e me
cale,
exploda na minha cara seus
dentinhos
esses que são dentinhos como de
coelho,
e que sempre que eu falar “dentinhos!”
você os ponha para fora feito um
coelho,
mas isso ainda não me cala e
aqui falo,
só o que eu espero é que você me
cale,
que roube minha carne e me
germine,
que reanime meus restos e me espante,
para sempre quero ficar
boquiaberto
diante da imperatriz do meu
destino,
e tiraremos algodão puro das
pedras,
e muitas vezes, de nossas
entranhas,
emergirão os ancestrais
afogamentos,
e teremos o dobro de ar nas
brânquias,
porque somos marítimos e
caramujos,
e nosso fôlego será dividido em
pistões,
e nossas bocas estarão sempre coladas.