2.8.23

"xará-mor"

para leonardo fróes

 

olho para suas mãos,

acariciam o volante

de um carro japonês

que não existe mais.

elas nunca tremem,

lembram um pouco

a pele de uma árvore.

 

tenho as angústias

da vida paralisante,

da impossibilidade

de ser um escritor.

você tem angústia

porque as pessoas

não procuram nada

nos olhos furtivos

que passam na rua.

 

olhando nos meus

você me diz o maior

poema do mundo

são olhos perplexos

que se enxergam

um dentro do outro

por um segundo

no cerne do terror.

 

 

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