3.4.23

"praça nobel – grajaú"


você é torta como eu e

quando chove em você

fica molhado toda vida.

 

diga quantas crianças 

não choraram ao ver

as poças da tua ilusão?

 

minha amada diz que

sou criança no corpo

de um adulto infantil.

que por isso estranho

e quase me emociono

quando te vejo assim:

estômago de ressaca.

 

o que sei é que estou

há alguns anos apegado

à ideia de ser pequeno,

o mais infantil possível.

diante dos ralos bigodes

da tristeza ser eu mesmo

sem pelos nem certezas,

para voar incandescente.

 

então deslizar por entre

tuas poças de malária

que, apesar de serem

esperança amarelada,

vômito de querubim

que arrasta ao ponto

zero da dor, tal água

 

já não terão os pombos

do meu fracasso juvenil.

porque já não pode mais

afogar ou dar de beber.


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