com
o pensamento
no
cérebro de
ledusha
spinardi
alvéolo insone da paixão,
enfisema colorido do fim,
anacronismos pulmonares,
brônquios broncos, gangs
de violência ansiolítica
nos pirulitos da bondade,
adolescentes da
liberdade,
balões de amor se tornam
lentamente não tão jovens
estabelecidos por aquiles
– aqui me corrijo,
aqueles,
que destruíram esse amor
em troca de sentir-se bem
como se sentem os ruins.
estou gripado do mundo
onde boiam pessoas
briosas
por uma nota de página
na história do fim do
amor.
queria eu mesmo fazer
uma tarantela de amor
como um franciscano
– beijar a lepra e ver,
no resultado da lepra,
chagas dum cristo vivo.
mas, como ele, vacilo
à procura do prateado
fio da vida irresoluta.
chego em casa, concluo:
a grande sensação não é
em geral a boa, a melhor.
miragem de emergência,
saída para lugar nenhum.
talvez seja que as coisas
grandes sejam nada mais
do que força que esmaga
miúdas coisas que fazem,
como diziam os antigos –
a vida valer a pena – não
para nós – dizia a barata.
pasmaceira de bravatas
sociais para oficializar
as biografias eficientes
ao puto tempo histórico.
na olimpíada do maior
coração, aspiro o muco,
e cada facada nas costas
se resolve com um beijo
de brutus, sem um julio
que transporte a matilha
para além de agosto, que
por um milagre da carne
jogou-me a carcaça viva
na viela dos sem-perdão,
na sopa rala de setembro.
.
sonho catarro de esperança
enquanto, no fio da dúvida,
feito um vulto o dia
avança.
presságio de cama,
estacas
no peito abrigo de ratazanas
disfarçadas de gatos caseiros.
transporto, portanto, no
peito,
criaturas muito
semelhantes
a pessoas que eram
próximas
e agora são um chiclete
duro,
semântica de espirro ordeiro
num poema que melhor seria
de uma lêda, de um bandeira
– mas cada um tem a poesia
ou a pneumonia que merece.